quarta-feira, 10 de abril de 2013

Intertextualidade na música "Monte Castelo" (Legião Urbana)


       O vídeo acima da banda brasileira Legião Urbana é um exemplo clássico de intertextualidade. A música "Monte Castelo", faz inferência inicialmente aos versículos bíblicos 1 e 4, encontrados no livro de Coríntios, no capítulo 13. São eles: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine" (versículo 1) e "O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece" (versículo 4). 
           E na segunda parte ao soneto 11 do poeta português Luis Vaz de Camões, soneto que é citado integralmente na música. Desse modo, verifica-se que há o entrecruzamento de duas vozes na letra da banda, a da tradição judaico-cristã e da literatura renascentista do século XVI. O grupo musical então, fez uma recriação artística na composição de sua música por meio da intertextualidade.

Soneto 11

"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer. 
É um querer mais que bem querer,
é solitário andar por entre a gente, 
é nunca cotentar-se de contente,
é cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade,
servir a quem vence, o vencedor,
é ter com quem nos mata, lealdade, 
mas como pode causar em seu favor,
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo amor?"